COMO FALAR COM OS PEQUENOS SOBRE NUTRIÇÃO?


A relação que um indivíduo tem com sua alimentação e corpo é construída desde muito cedo, ainda no útero. Tanto o crescimento do feto como o desenvolvimento de seu paladar é influenciado pela alimentação da mãe.

Logo após o nascimento acontece o primeiro contato com algum alimento, normalmente o leite materno, que também sofre influências da alimentação da mãe.

Desde antes de saberem falar, as crianças já estão prestando atenção e ouvindo as conversas dos pais. Por isso, é muito importante saber o que e como falar a respeito da alimentação e nutrição para os seus filhos pequenos.

mãe e filha cozinhando

Pra quem ainda não leu, nesse post comentei como as crianças estão cada vez mais cedo insatisfeitas com seu corpo e tentando fazer dietas com o intuito de emagrecer, e como meninas de 5 anos já tem noções do que é dieta.

O principal que quis abordar é, se você ou seu marido (mulher) está fazendo algum tipo de dieta, tente reforçar as práticas positivas, que são benéficas à saúde, e não as práticas que a comprometem. O mesmo vale para conceitos nutricionais.

As crianças menores não conseguem entender direito o que é saúde, muito menos a longo prazo. Quando falamos que a criança deve comer algum alimento porque faz bem, ou pra não ficar doente no futuro, é difícil se sensibilizarem com a causa e mudarem de ideia.

Por exemplo, você fala pro seu filho que se ele não comer determinado alimento ‘saudável’ ele vai ficar doente. A criança pequena não entende isso, e provavelmente vai pensar: eu me sinto bem. Não estou doente. Mas é melhor eu comer isso pro meu pai (mãe) não ficar bravo comigo. E aí voltamos ao ‘tenho que comer para agradar aos outros’, quando na verdade temos que comer para nos agradar, afinal, alimentar-se é uma das maiores fontes de prazer da vida.

nutrição-infantil

Meu conselho aqui é tentar fazer sempre comentários positivos. Se quiser que seu filho coma mais frutas, comente como são docinhas e suculentas, assim, ele vai pensar: eu gosto de coisas docinhas, quero frutas. Enquanto que se você falar pra criança que ela está comendo muitos doces, e que eles fazem mal à saúde, a criança pode interpretar: eu gosto de doces, eles são gostosos. Eu devo ser uma pessoa ruim por gostar deles.

Sobre a aparência e forma corporal, também podemos seguir em duas direções, a do reforço positivo e a do reforço negativo. No positivo falamos algo como: seu corpo está crescendo para ser grande e forte, o que deixa a criança feliz, pois ela gosta do seu corpo e sabe que é através dele que consegue realizar diversas atividades como correr ou pular. Se falamos que a criança está muito pesada ou difícil de carregar, ela pode achar que tem algo errado com o corpo dela, ou que a mãe acha que tem algo errado com o corpo dela, e interpretar como ‘eu não sou bom o suficiente’.

Esses pensamentos automáticos e muitas vezes errôneos, fazem a criança sofrer. Sem saber como lidar com esse sentimento, podem acabar encontrando o conforto na comida. Ou seja, em vez de ajudar, nós atrapalhamos.

Falar que a criança está comendo muito pode trazer uma sensação de vergonha. Ela está sentindo fome, ela quer mais comida, mas acha que os pais dela não querem que ela continue comendo, e por isso sente-se envergonhada.

Uma tática interessante é comparar os alimentos com outros que elas já gostam ou coisas que elas conhecem. Por exemplo, falar que o brócolis é verde e parece uma árvore, faz a criança pensar na cor verde e nas árvores, coisas que ela conhece, e a torna mais suscetível a experimenta-lo do que falar que o brócolis faz bem para saúde porque tem vitaminas.

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Acredito que os pais não sabem bem o que falar e como falar com seus filhos sobre alimentação e nutrição, até porque, nem sempre a relação deles com os alimentos é boa. Muitos têm medo de machucar seus filhos, fazendo mais danos ou destruindo uma autoestima em construção, principalmente quando há algum problema de peso. Porém, saber o que falar e como falar, até para as questões mais básicas que aparecem naturalmente, tem grande importância em longo prazo no desenvolvimento de uma relação saudável entre criança, alimentação e corpo.

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