FAT TALK – NÓS TEMOS QUE PARAR COM ISSO


Fat Talk é um fenômeno social onde as mulheres falam umas com as outras de forma negativa sobre o tamanho e forma do corpo.


Por que será que é tão importante dizer aos outros como nos sentimos mal com nossos próprios corpos?

Em vez de agradecer, que temos duas pernas e dois braços, que conseguimos enxergar, ouvir e falar, que podemos nos locomover, comunicar, pensar, estamos reclamando que nossa coxa é isso, que o braço podia ser aquilo, que a barriga não é como gostaria…

fat talk

Olhamos com tanta crítica pra forma do nosso próprio corpo, frequentemente fazendo comparações e inevitavelmente diminuindo a nós, e aos outros. E eu te pergunto: que bem isso traz?

‘Ai você viu, fulaninha voltou das férias mais cheinha’ – e daííííí? Provavelmente ela aproveitou como nunca, comeu um monte de coisa diferente e gostosa, dormiu até mais tarde, apreciou bons drinks, deu uma folga pra academia… O que o peso dela tem a ver com você? Por que você se incomoda com isso? Será que isso não diz mais sobre você do que sobre fulaninha?

Fat-talk é um fenomeno social em que as meninas e mulheres jovens falam sobre seus corpos umas com as outras de forma negativa, o que é muito comum nas sociedades ocidentais. Na verdade, a fat-talk é mais comum do que falar sobre o corpo de uma forma positiva, e quanto mais fat-talk alguém ouve, mais provável fica a falar também.

Claro. Você está com as suas amigas na praia, aí uma começa: aí porque eu odeio essa gordurinha aqui ó, a outra reclama da celulite, a outra das dobrinhas nas costas. Fica quase arrogante não reclamar de nada do seu corpo. Como se você fosse A convencida que ama seu corpo e acha ele lindo. Percebe como quase dá vergonha admitir isso?

 Tem sido argumentado que as mulheres podem sentir pressão para falar sobre seus corpos de forma negativa por causa de normas sociais. Quando um indivíduo ouve e se engaja em fat-talk, experimenta níveis mais elevados de insatisfação corporal, culpa e vergonha.

GENTE! TÁ TUDO ERRADO!!!! Onde foi que aprendemos que o legal é nos desvalorizar? Quem ensinou pra gente isso? Socorrooo! Não da pra desaprender isso não? Afinal, isso só traz Insatisfação corporal, culpa e vergonha – claro!

Outra consequência negativa da fat-talk é que, quando uma mulher é de um tamanho considerado dentro das normas do “saudável” (por exemplo, dentro da faixa eutrófica do IMC), mas reclama que ela é gorda a alguém de um tamanho similar, ela envia a mensagem de que a segunda pessoa também deve se sentir infeliz com seu corpo.

Percebem como é uma grande bola de neve? Quanto mais falamos mal do corpo, pior nos sentimos, mais insatisfeitas ficamos, e mais defeitos vemos. E isso só traz mal estar às mulheres. Precisamos mudar o discurso e começar a nos valorizar mais!

Um conselho

Hoje, quando chegar em casa, se olhe no espelho. Tente ter um olhar carinhoso com você, como se você tivesse olhando pra sua melhor amiga. Em frente ao espelho, procure características que ame. Seja o seu cabelo, as mãos, seu olhar, o sorriso, o formato das pernas, as sardinhas do ombro, sua altura, enfim, ache algum ponto pra começar a se dar mais valor, a se amar mais.

E depois, vamos espalhar amor por aí. Talvez ouvindo você falar que ama seu corpo, outras pessoas se permitam amar também. E amar é aceitar, cuidar, nutrir e não punir e exigir que caiba dentro de certos padrões.

Evite ao máximo fazer comentários negativos sobre corpo e peso. Seja sobre o seu ou da coleguinha ao lado, abstenha-se. Você vai ver como não vai fazer falta nenhuma esse comentário e como sua vida vai, aos poucos, ficar mais leve.

Cuidado especial quando tiver perto dos seus filhos ou outras crianças e adolescentes próximos

A comunicação negativa acerca da imagem corporal vinda de membros da família, incluindo comentários críticos, provocações e incentivo à dieta, têm sido associados com o desenvolvimento de uma insatisfação com a imagem corporal e sintomas de transtornos alimentares.

Mesmo os comentários que se destinam a ser positivos também podem causar uma imagem corporal negativa, por exemplo, uma família que tem tendência a focar na aparência e atratividade, criam filhas para serem focadas e preocupadas com seu peso e corpo. Este foco na aparência pode ser resultado da insatisfação dos pais com seus próprios corpos, o que pode enviar mensagens para suas filhas que seus pais valorizam a magreza, resultando no envolvimento delas com dietas e outros comportamentos prejudiciais para lidar com a sua insatisfação corporal.

Os pais são os maiores influenciadores na vida dos filhos. Por isso, quando as crianças/adolescentes ouvem alguém reclamando do corpo, seja um comentário  como ‘essa roupa me engorda’ ou  ‘eu odeio o meu corpo’, começam a se familiarizar com o fat talk e podem internalizar sentimentos de menos valia e depreciação corporal, correndo o risco até de desenvolver uma distorção da imagem corporal, mas isso já é assunto pra um próximo post 😉


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