SOBRE FORÇAR CRIANÇAS A COMER


CONSUMO FORÇADO: Quando um indivíduo (parente, cuidador, amigo, conhecido) força/obriga outro indivíduo a consumir uma determinada substância (comida, bebida, outros) contra a sua vontade. Não é necessário que tal substância tenha sido ingerida, mas sim que alguém tenha tentado fazer com que ela fosse.

forçar criança a comer


Acredito que a grande maioria de nós já passou por uma situação dessas. Frases como “ah filho, come um pouquinho da carne” ou “você não vai sair da mesa enquanto não comer todo o brócolis que está no seu prato” são ditas diariamente mundo à fora.

Um estudo que analisou a prevalência do consumo forçado e suas consequências na rejeição alimentar futura, encontrou que 69% dos participantes se lembravam de ter passado por uma situação dessas na infância, e em sua maioria os episódios eram liderados pelos pais do próprio indivíduo.

As ocorrências eram mais ou menos assim: a criança não queria consumir um alimento desconhecido ou desagradável para o seu paladar. A partir dessa recusa, o conflito aumentava e várias técnicas de coerção eram utilizadas para induzir a criança a comer. Depois de certo tempo, a criança cedia e concordava em experimentar o alimento em questão.

Ao final do estudo, 72% dos participantes afirmaram que, atualmente, não comeriam aquele determinado alimento, e muitos deles alegaram sentir certo desconforto em relação ao alimento.

nao quero mais

Toda essa situação gera um conflito social. Ao sofrer pressão por parte dos adultos, muitas crianças choravam, a maioria ficava nauseada e alguns chegavam até a vomitar. É interessante frisar aqui que 95% dos participantes do estudo se lembram de ter sentido uma emoção negativa quando eram forçados a ingerir algo contra sua vontade.

A condição de perda de controle e desamparo associada com os episódios de consumo forçado, sugerem que o conflito interpessoal aumenta o afeto negativo ao comer determinado alimento, ou seja, sentem que ‘perderam’ o conflito. ‘Perder’ para o consumo forçado, pode levar a rejeição do alimento alvo no futuro, trazendo sensação de empoderamento: quando eu opto por não consumir determinado alimento eu ‘ganho’, e sempre que eu rejeitar esse alimento, estou reafirmando quem está no controle.

Avaliando se o episódio de consumo forçado mudou os hábitos alimentares dos participantes, a maioria disse que não. Entre os que disseram que mudaram seus hábitos, predominou uma mudança para pior, limitando a seleção de alimentos.


Escrevi esse post para mostrar cientificamente que forçar ou insistir para que uma criança coma determinado alimento não é uma boa estratégia. Talvez a criança até coma um pouco tamanha a sua insistência, mas a longo prazo este método não é eficaz.

Portanto, o conselho que fica aos pais é: se a criança não quer experimentar determinado alimento, não forcem, não se descabelem, mas também não desistam!

O segredo é oferecer sem insistir. Colocar na mesa, dar o exemplo comendo na frente deles, mas sem colocar pressão para que experimentem ou supervalorizar o alimento. Continue oferecendo, tente outras formas de preparar, deixe que a criança se familiarize com aquilo e lembre-se que ninguém é obrigado a gostar de tudo!

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