PERDER PESO COMO META DE ANO NOVO FUNCIONA? 2


Fevereiro chegou, as férias foram ficando pra trás, as aulas e o trabalho estão voltando, e eu venho aqui te perguntar: Nas suas metas e resoluções para 2017, alguma delas envolvia peso?

Muitas pessoas colocam como meta de ano novo perder peso, ou chegar a um peso tal. Raramente, esse peso idealizado é o peso ideal que, em minha opinião, tem muito mais a ver com um peso que é confortável, que você consiga manter sem se descabelar e mesmo assim se aceitando e se amando, do que com um número obtido através do cálculo de IMC.

Essas metas servem mais para frustrar e reforçar a ideia de que não temos força de vontade do que para serem cumpridas. 

Outro ponto a ser ressaltado é que pessoas e empresas oferecem milhares de soluções milagrosas nessa época do ano, pois sabem que muitos estão cheios de vontade de mudar e acabam caindo nessas promessas. O problema é que não existem milagres. Não existe uma ‘nova dieta incrível que funciona’. Afinal, se existisse, não precisariam inventar uma NOVA dieta incrível a cada 5 minutos, né?

Tudo que é radical é difícil de ser sustentável e a restrição, quase sempre leva à compulsão.

Pense em você prendendo a respiração, ficando o máximo de tempo que consegue sem ar. Pense no momento de inspirar, o que você faz? Puxa todo o ar que encontra e lota seus pulmões com ele, certo? O mesmo acontece após um período de restrição alimentar, seja de quantidade ou de qualidade. Chega uma hora que nosso corpo fala mais alto e saímos comendo tudo que vemos pela frente.

Sobre a miss canada, Siera Bearchell

Esses dias teve o concurso de Miss Universo, que deu o que falar por causa Miss Canadá (Siera Bearchell) que foi julgada mundo à fora por ser ‘cheinha’ e não se encaixar nos padrões do concurso.

Quando um jornalista perguntou como ela se sentia sendo tão maior que suas concorrentes, sua resposta foi:

Como eu me sinto por ser eu mesma? Por ser confiante comigo mesma? Como eu me sinto em realizar meu sonho de representar o Canadá no palco do Miss Universo? Como eu me sinto sendo um exemplo para tantas mulheres jovens que têm dificuldades de encontrar alguém para admirar? Como me sinto redefinindo a beleza? A minha resposta – eu me sinto muito bem.

Ela, que diz não ter se engajado com dietas antes da competição para atingir ‘o corpo ideal’ que estavam esperando, completa:

Para ser sincera, eu comia quase nada em concursos anteriores e mesmo assim não me sentia bem o suficiente. Não importa o quão pouco eu comia e quanto peso eu perdia, constantemente me comparava com as outras e sentia que podia perder mais. Minha percepção não combinava com o corpo que eu via no espelho.

E conclue:

Esta é a geração da diversidade corporal. Agora é a hora de começarmos a trabalhar juntos para redefinir a visão global da beleza.

Eu só posso concordar com ela. Em vez de lutar contra o seu peso e contra a balança, que tal lutar para se sentir bem com o seu corpo? Aceitar que ele é único e perfeito do jeito que é. Se for pra lutar, que seja para amar suas curvas, ou a falta delas, para vestir um roupa que faça você se sentir fabulosa, pela felicidade e autenticidade de ser quem você é, única.

Estamos sempre insatisfeitos, desejando o cabelo da fulana, a barriga da beltrana, as pernas da ciclana… Se temos muito busto, achamos lindo quem tem pouco. Se temos pouco quadril, achamos lindo quem tem muito. É um tal de ‘a grama do vizinho é sempre mais verde’ sem fim! Queremos o melhor de cada um, e nada do que é nosso.

A pergunta que não quer calar: Por que somos tão cruéis com nós mesmas?

Sobre a Ruth Manus e a aceitação do corpo feminino

Outro dia li um desabafo da Ruth Manus no Facebok que me chamou atenção. Ela estava tomando banho na academia por estar sem água quente em casa, e comentou que essa estava sendo uma das melhores experiências dos últimos tempos…

“Explico-me: a vida e a mídia vão nos levando por uns caminhos nos quais muitas vezes as únicas mulheres que nós vemos nuas ou seminuas além de nós são as das propagandas, as da tv e as super bloggers, todas impecáveis, belíssimas e frequentemente retocadas. Começamos a esquecer como são as pessoas normais, como a gente, que correm com o trabalho, arrumam a casa, não tem grana sobrando pra 50 tratamento de beleza e fazem o melhor que podem.

Naquele vestiário me lembrei que não estou tão em dívida assim. Há outras mais brancas, mais flácidas, com mais celulite, com mais estrias. E ninguém é melhor ou pior que que eu por isso. Lembrei como são os peitos normais, as barrigas normais. Lembrei que mesmo naquele ambiente- que já é viciado pelo simples fato de ser uma academia de classe média- as mulheres não tem NADA A VER com o que nós passamos a ter como meta inatingível.

Fiquei sem água quente e resgatei carinho por mim mesma. Lembrei mais uma vez o quanto a nossa baixa auto estima é valiosa e lucrativa para milhares de negócios e indústrias. Tomei meu banho, desfilei meus defeitos orgulhosamente para todas aquelas outras mulheres, feliz por saber que elas olhariam para eles e sentiriam-se menos mal do que de costume. Vesti meu moletom, sequei meu cabelo, me olhei no espelho e quase pedi desculpas a mim mesma pelas tantas vezes que me condenei quando não merecia nada disso. Nenhuma de nós merece. A gente tem que parar com isso.”

É isso. Precisamos parar de nos importar tanto com as aparências. De nos comparar com os outros. Precisamos parar de focar nos números, seja da balança ou da calça, porque eles nada dizem sobre a nossa saúde, muito menos sobre a felicidade.

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Chega dessa ilusão de que quando eu pesar X quilos eu vou ser mais feliz, eu vou realizar mais, eu vou poder usar tal roupa. Chega de usar ‘magra’ como se fosse o MELHOR adjetivo do mundo, o maior elogio que pode fazer a alguém.

Tem um monte de gente por aí se mostrando magra e feliz, comendo alface e fazendo horas e horas de ginástica todos os dias. E eu te pergunto, será que isso representa saúde? Representa felicidade? 

Para finalizar, deixo aqui a frase da dançarina Ragen Chastain, sobre o que ela gostaria que todas nós aprendêssemos antes de fazer a resolução de perder peso no ano novo.

perder peso como meta do ano novo

“Esse ano, em vez de focar em ser menos, vamos focar em ser mais. Tenha como resolução ser mais grata por tudo que o seu corpo faz por você. Tome mais espaço no mundo. Fale mais sobre as coisas que são importantes pra você. Faça mais movimentos prazerosos. Coma mais comidas deliciosas que te nutrem. Esse ano, em vez de tentar criar uma ‘nova você’, leve a ‘antiga você’ pra dar uma volta… Acho que você vai acabar descobrindo que essa pessoa é espetacular.”


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2 thoughts on “PERDER PESO COMO META DE ANO NOVO FUNCIONA?

  • Bernice Salete Busatto Bibiano

    Que texto lindo! Nós mulheres, temos de nos
    libertar dessas amarras impostas há séculos.
    Parabéns!