De doce ou de salgado? De quente ou de gelado? De cremoso ou de crocante?
Dependendo do horário e da temperatura lá fora, a fome costuma mudar. No verão raramente temos vontade de sopa, assim como no inverno não costumamos tomar sorvete. Café da manhã não combina com arroz e feijão assim como jantar não combina com chocolate quente.
Essas variações são normais, fisiológicas. Mas a fome também é muito influenciada pelo nosso humor e nossos sentimentos. Por exemplo, quem nunca, ao ficar ansioso, devorou um saco de pipoca em poucos minutos? Ou, ao terminar um namoro, comeu uma barra de chocolate todinha? Ou mesmo, em momentos muito felizes ou muito estressantes, perdeu o apetite, esquecendo de se alimentar?
Somos seres emocionais e esses sentimentos influenciam o nosso jeito de comer. O desequilíbrio ocorre quando a comida é usada para ‘tapar buracos’ emocionais, ou lidar com problemas que nada tem a ver com ela. Algumas pessoas, por exemplo, não conseguem diferenciar a sensação de fome de outras sensações corporais como a ansiedade, frustração, raiva, tristeza, vazio. Isso pode começar na infância, quando os pais oferecem comida como expressão de afeto ou premiação. Crianças que aprendem a aliviar qualquer desconforto com alimentos tendem a seguir esse padrão durante a vida adulta, e confundir os ‘tipos de fome’.
A fome física tende a vir de forma gradual, após algumas horas da última refeição, e vai aumentando aos poucos. Pode trazer alguns desconfortos como estômago roncando e baixa energia e pode apresentar dor de cabeça, tontura e mau humor se o indivíduo demorar em se alimentar. Quando sentimos esse tipo de fome, conseguimos pensar o que queremos comer, considerando opções e, ao se alimentar, a comida traz saciedade e satisfaz.
A fome emocional, por sua vez, não traz sinais físicos, o estômago continua calmo, mas apresenta desejos específicos como por chocolate, pizza, sorvete… Comer parece ser a única solução para esse desconforto, apesar de não ter se passado muito tempo desde a última refeição. Ao se alimentar, o indivíduo não se sente saciado, continua buscando por algo que não sabe o que é. Muitas vezes, esses episódios são seguidos de culpa, ‘por que eu comi tudo aquilo?’.
Comer não resolve. Ansiedade, tristeza, solidão, raiva e muitos outros sentimentos aparecerão inúmeras vezes durante a vida. É preciso saber lidar com eles. Encontrar uma maneira de se confortar, nutrir, distrair e resolver as questões sem usar a comida, pois ela pode até distrair, anestesiar ou mudar o foco, mas no final das contas, comer está apenas piorando o problema.
Uma boa ideia é criar alternativas à busca da comida por razões emocionais, como por exemplo tomar um bom banho, ouvir músicas, meditar, assistir a um filme, fazer atividades físicas, dormir, ler um livro, conversar com alguém, praticar yoga… Enfim, cada pessoa consegue se distrair com determinado tipo de atividade, você só vai descobrir tentando.